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Cuidado com o Atendimento de Urgência nas UBS: O Alerta do Conselho Regional de Medicina e os Riscos para a Saúde Pública

Rádio Bom Jesus

Cuidado com o Atendimento de Urgência nas UBS: O Alerta do Conselho Regional de Medicina e os Riscos para a Saúde Pública

Cuidado com o Atendimento de Urgência nas UBS: O Alerta do Conselho Regional de Medicina e os Riscos para a Saúde Pública - Foto Bom Jesus FM

Na última quinta-feira (29), durante a apresentação do programa Expresso 33, da Rádio Bom Jesus 92,7, Leandro Agostini conversou com o Dr. Diogo Santos, presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso, sobre a grave situação do atendimento à saúde pública em Cuiabá e as implicações de algumas decisões recentes. O assunto foi sério e gerou bastante preocupação entre os ouvintes, especialmente em relação ao atendimento de pacientes com casos de urgência e emergência nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

O Alerta sobre a Proposta da ANS

O Dr. Diogo começou a conversa abordando uma proposta polêmica da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) que, em sua opinião, traz sérios riscos para a população. “A ANS criou uma consulta pública sobre o atendimento do paciente com câncer, com a criação de um manual chamado OncoHead. Esse manual, que foi divulgado para consulta até o dia 21 de janeiro, gera a preocupação de que as operadoras de saúde irão priorizar rastreios de câncer de mama apenas em mulheres de 50 a 60 anos, quando a realidade do Brasil é bem diferente”, explicou.

Ele alertou que 40% dos cânceres de mama no Brasil afetam mulheres com menos de 50 anos, além de 20% dos casos serem em mulheres acima de 69 anos. “Estamos falando de uma realidade muito diferente da que é proposta, o Brasil precisa atender a todas as mulheres e não limitar o acesso à prevenção”, ressaltou.

A Crise nas Unidades de Saúde e o Caso da Paciente

Outro ponto abordado por Dr. Diogo foi a situação crítica enfrentada pelas unidades de saúde em Cuiabá, em especial as UBS, que têm sido designadas para atender urgências e emergências, mas carecem de infraestrutura adequada para isso. “Os conselhos de medicina, os profissionais e até os próprios médicos que estão na ponta alertam que a solução de encaminhar pacientes para a UBS não é viável. O problema é que essas unidades não têm estrutura para atendimentos de emergência. Elas são preparadas para consultas básicas, não para casos graves como de urgência”, afirmou o presidente do CRM.
A situação se agravou com o recente caso de uma mulher de 41 anos que faleceu após ser atendida em uma UBS do bairro Tijucal. De acordo com o Dr. Diogo, a paciente foi inicialmente atendida na UPA, mas piorou e, seguindo a orientação de buscar a UBS, foi transferida para a unidade básica, onde sua situação se agravou devido à falta de recursos. “Ela chegou muito mal na UBS, a pressão estava muito baixa, e o atendimento adequado não pôde ser feito. A paciente foi transferida para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), mas não resistiu e faleceu no dia seguinte”, explicou.

O Conselho Regional de Medicina e as Reações

A denúncia feita pelo Conselho Regional de Medicina gerou forte repercussão. O Dr. Diogo enfatizou que o problema é o fato de que as UBS não têm a estrutura necessária para atender casos de urgência, e que esse tipo de transferência pode resultar em tragédias evitáveis. “A orientação é clara: se você tiver um caso de urgência, vá até a UPA, que é o local adequado. O que vimos foi uma falha no processo de encaminhamento e, infelizmente, uma vida se perdeu”, lamentou.
A situação nas UBS tem sido uma preocupação constante para o CRM, especialmente porque as unidades básicas estão sendo sobrecarregadas com atendimentos de urgência e emergência, deixando de atender os casos crônicos que são a principal função dessas unidades, como diabetes, hipertensão e consultas de pré-natal.

O Impacto das Decisões Políticas na Saúde

Durante a entrevista, o Dr. Diogo criticou duramente a falta de diálogo com os gestores da saúde. “É muito difícil quando quem toma as decisões não tem conhecimento médico. Tentamos conversar com a prefeitura, mostramos os riscos, mas a decisão permanece a mesma. Isso resulta em um risco iminente para a população”, disse ele. A crítica é especialmente direcionada ao recente decreto da prefeitura que orienta a transferência de atendimentos urgentes para as UBS, uma decisão que, segundo o CRM, pode causar mais danos à saúde pública.
A indignação de médicos e profissionais da saúde foi visível quando o Dr. Diogo detalhou a situação de um paciente que, ao ser encaminhado para a UBS, teve seu atendimento prejudicado. “O paciente ficou revoltado porque foi informado que deveria esperar o atendimento de urgências e emergências. Isso está colocando todos em risco, e não podemos permitir que esse tipo de gestão continue”, afirmou o presidente do CRM.

O Papel da Mídia e do Jornalismo

Ao final da entrevista, Leandro Agostini fez questão de ressaltar o compromisso da Rádio Bom Jesus com a imparcialidade e com a divulgação de informações que realmente ajudem a sociedade. “Aqui, a nossa missão é levar informação com responsabilidade, sem viés político. O objetivo é trazer à tona questões que impactam a vida das pessoas, como a saúde pública”, concluiu Leandro.

Nota da Prefeitura de Cuiabá

Em resposta às críticas, a Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, esclareceu que a paciente não faleceu na UBS, mas sim após ser encaminhada para o HMC, onde foi internada na UTI. A Prefeitura também informou que uma investigação será aberta para esclarecer os fatos e reafirmou que o atendimento médico na UBS foi adequado, considerando o volume de pacientes atendidos naquele dia.

 

Veja entrevista completa:

 

 

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